Tempo.

De vez em quando quero tanto que ele passe por mim, outras vezes odeio que ele me lembre que existe. Interrompe-me os sonhos, deixa-me perder-me neles. É sempre à maneira dele e nunca à minha. As coisas boas demoram muito a chegar e passam num ápice, as outras chegam num instante e ali permanecem mais do que é preciso. Olho para trás e parece me tanto, olho para a frente e tenho medo que seja pouco ou que não dê por ele. Faz-me esquecer coisas e outras teima em lembrar. Dizem que tudo cura, mas não é verdade. Só apazigua e nos envelhece.

Quero tudo, o que faz com que não tenha tempo para nada. E lá vou eu em trabalho, quatro dias para Angola. Cheia de vacinas e comprimidos esquisitos. Já ouvi dizer que há centopeias de meio metro. Anseio. Se não voltar para a semana, processem a minha empresa.